terça-feira, 30 de novembro de 2010

Licenciatura de português na Etiópia

A criação da licenciatura de Português na Universidade de Adis Abeba, em Outubro, é "uma conquista importante" e "demonstra que esta é a década da Língua Portuguesa", segundo o leitor cessante do Instituto Camões na capital etíope.

A licenciatura começou a funcionar em Outubro, como variante do núcleo de Línguas Europeias Modernas.

Em declarações à Lusa, Jorge Garcia Fernandes salientou "a importância desta conquista" na medida em que a sede da União Africana (UA) é na capital etíope e o português é uma das quatro línguas de trabalho da instituição.

"Tal implica que todos os documentos produzidos de comunicações têm de ser traduzidos para português", explicou.

O leitor sublinhou que Portugal, representado pelo IC, "é o único país que dispõe de um centro de língua nesta organização internacional".

Facto a que atribui "fulcral importância" por a UA ser "um dos grandes centros de decisões em África".

O responsável referiu ainda o facto de que a UA "dá muito trabalho" pelas diversas sessões de trabalho e "realiza pelo menos duas cimeiras por ano".

"A integração da Língua Portuguesa foi a estratégia escolhida há dois anos por Jorge Garcia Fernandes", segundo uma nota do Instituto Camões (IC).

À Lusa, Garcia Fernandes afirmou que "é de todo o interesse fortalecer ainda mais a excelente posição que Portugal detém, apesar dos investimentos mais potenciados de outros Estados como França ou Espanha".

Para o leitor do IC, "a próxima década vai ser fulcral para o crescimento do Português", impulsionado também pelo Mundial de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 que se realizam no Brasil.

"O sinal televisivo do Mundial de Futebol deste ano foi transmitido na íntegra para todo o continente africano apenas em duas línguas: Português e Inglês", referiu.

Na Etiópia, país com o qual Portugal mantém contactos desde o século XVI, "o jornalista Girma Besha é um dos poucos etíopes que se expressam em português correctamente, se não o único".

Besha esteve em Portugal durante 10 anos na sequência da visita do então imperador Hailé Salassié (a convite de Oliveira Salazar, em 1958).

Garcia Fernandes referiu que "muitos dos documentos da História etíope, desde o século XVI, estão em português, o que está ligado também à implantação dos Jesuítas na Etiópia".

"Há relatos anteriores até, nomeadamente de Pêro Pais, do século XV, que escreveu uma ‘História da Ethiopia', que recentemente foi reeditada pelo antropólogo José Ramos", acrescentou.

O leitor do IC salientou ainda haver neste país africano "muito património arquitectónico português para além da vasta documentação".

A licenciatura de Português, criada ao lado das de Espanhol, Alemão, Francês, e Italiano, terá a duração de quatro anos, "devendo o IC enviar um professor ou um leitor".

O Português será ministrado "num primeiro ano de forma intensiva, de modo a capacitar os alunos a ler e escrever", introduzindo-se depois questões de fonética, técnicas de tradução, linguística, cultura europeia e literatura.

Jorge Garcia Fernandes trabalhou nos últimos três anos na Etiópia onde não regressará este ano.

Durante a sua comissão em Adis Abeba, leccionou cursos livres de Português na Universidade para turmas de 15 a 20 alunos e de 25 a 30 no Centro de Língua Portuguesa instalado na UA.

Os alunos deste centro são, explicou, "funcionários da organização e das legações, e diplomatas".

Fonte: http://www.expressodasilhas.sapo.cv/pt/noticias/go/licenciatura-de-portugues-na-etiopia

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