segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Qual é o feminino de todo-poderoso?

“Dilma é descrita pela imprensa búlgara como ‘dama de ferro’, ‘Margaret Thatcher brasileira’ e ‘toda-poderosa do governo Lula’.”

O feminino de “todo-poderoso” é “todo-poderosa”, sem a flexão do primeiro elemento. À primeira vista, isso pode parecer estranho a muitos usuários do idioma, pois estamos acostumados a flexionar o pronome indefinido “todo”, cujo feminino é “toda”. Assim: todos os homens e todas as mulheres, todo o dia e toda a tarde.

O caso em questão, porém, é de outra natureza: todo-poderoso é um substantivo (e também um adjetivo) composto, cujo primeiro elemento é o pronome indefinido “todo” e cujo segundo elemento é o adjetivo “poderoso”. Convém notar que agora “todo” está ligado a um adjetivo, não a um substantivo. Nessa situação, tem valor não de pronome indefinido, mas de advérbio de intensidade (equivalente a “inteiramente”), motivo pelo qual é um termo invariável (não tem feminino nem plural).

Conforme registra o “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”, o feminino de “todo-poderoso” é “todo-poderosa” e as formas de plural são “todo-poderosos” e “todo-poderosas”.

De acordo com esse princípio, uma construção como “Ele é todo ouvidos” teria como equivalente feminino “Ela é todo ouvidos”. Segundo Evanildo Bechara, porém, é aceitável a construção “Ela é toda ouvidos”, em que ocorre concordância por atração.

Abaixo, o trecho corrigido:

Dilma é descrita pela imprensa búlgara como “dama de ferro”, “Margaret Thatcher brasileira” e “todo-poderosa do governo Lula”.

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